Tinha tanto para lhe contar...
Sabia que o café de onde me trazia, todos os dias, um rebuçado, já mudou de gerência? Sabia que temos uma casa nova, que a avó já não vive na vossa casa e que já tenho outro gato, preto, igual ao Cat? Sabia que já tem 12 bisnetos e mais um a caminho? E sabia que moro em Lisboa, já tenho a carta e já tenho um curso? Até já namoro e tenho a certeza de que você seria, na família, dos primeiros a saber, se cá estivesse.
Há quantos anos foi, avô? Tantos e eu ainda me lembro do seu toque-toque na porta da cozinha acompanhado de um "posso entrar?" - e ao escrever isto só me apetece dizer "entre", como se fosse possível voltar a ver o seu sorriso feliz, com o ar engraçado da falta de dentes.
Oh, tenho muitas saudades. De si, da antiga avó e de jogarmos os três às cartas. Ah, e do cheiro da lareira no inverno, do sabor das papas de café com pão ao pequeno-almoço e até do cheiro a tabaco na sala, nos dias em que curava pessoas (não é que seja um odor agradável, mas fazia parte e, mesmo sendo de fumo de cigarro, era bem distinto do das salas dos cafés cheias de fumo).
Este texto foi a coisa que li esta esta semana com que mais me identifiquei. Sinto tanto isso..a minha avó continua aqui..continuo a falar-lhe com a esperança que ela me oiça, mas é em vão. Gostava que ela me pudesse ouvir, gostava que ela soubesse que consegui o meu emprego encantado, que continuo sem namorado porque aquele traste de quem ela tanto gostava me fez muito mal..e nunca lhe contei isso para a poupar. Gostava de poder ligar-lhe e dizer que sexta-feira ia subir ao norte e não deixaria de a visitar..como sempre fiz. :(
ResponderEliminarTenho tantas tantas saudades da minha... E foi há pouco tempo. E o "café com pão ao pequeno-almoço" também existia na nossa história...
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