Podia ter sido o ano do desespero. Estava há 3 meses à procura de um trabalho na área (que me enchesse as medidas e não fosse uma chulice pegada) e a tarefa parecia uma missão impossível. Estar em Lisboa deixou de fazer sentido (viver fora às custas dos pais não era opção), decidi o óbvio - voltar para debaixo da asa dos papás -, fiz as malas e aterrei numa casa que, até este ano, nunca tinha sentido como verdadeiramente minha (história de outros capítulos). O regresso podia ter corrido mal. Voltar à rotina familiar, aos horários estabelecidos, ter de depender de outros para me deslocar, ter o namorado e alguns amigos longe, ter de lavar a louça logo a seguir ao jantar (das piores coisas que me podem pedir!) e ter de aturar as neuras de cada um são pormenores que podiam ter feito alguma mossa. Podia ter-me sentido a mais (conheço casos desses) ou, pior, ter-me deixado ir a baixo com a frustração de não arranjar emprego. Podia ter sido um drama, podia ser hoje uma feiosa solitária c...