2013

Podia ter sido o ano do desespero. Estava há 3 meses à procura de um trabalho na área (que me enchesse as medidas e não fosse uma chulice pegada) e a tarefa parecia uma missão impossível. Estar em Lisboa deixou de fazer sentido (viver fora às custas dos pais não era opção), decidi o óbvio - voltar para debaixo da asa dos papás -, fiz as malas e aterrei numa casa que, até este ano, nunca tinha sentido como verdadeiramente minha (história de outros capítulos).

O regresso podia ter corrido mal. Voltar à rotina familiar, aos horários estabelecidos, ter de depender de outros para me deslocar, ter o namorado e alguns amigos longe, ter de lavar a louça logo a seguir ao jantar (das piores coisas que me podem pedir!) e ter de aturar as neuras de cada um são pormenores que podiam ter feito alguma mossa. Podia ter-me sentido a mais (conheço casos desses) ou, pior, ter-me deixado ir a baixo com a frustração de não arranjar emprego. Podia ter sido um drama, podia ser hoje uma feiosa solitária com celulite aos quilos e bigode por fazer, mas tive sorte: a sorte de ser alguém "de bem com a vida" e de fazer parte dos que vêm o copo "meio cheio", que seguram os "touros pelos cornos" e que chamam desafios aos problemas (a quem me permitiu ser assim, desde já um profundo obrigada).

Libertar-me da renda (e das contas) foi um alívio. Deixei de sentir aquela pressão do "tenho de ganhar dinheiro já" para sentir uma descontracção que me permitiu considerar opções novas. Tive direito a um quarto novo com muita luz e não houve uma única noite, até começar a trabalhar, em que o sono demorasse a chegar. Atingi uma paz de espírito brutal e tive, finalmente, a oportunidade de dizer "sim" a toda a gente. Deixei de faltar a metade dos aniversários, fiquei disponível para ajudar (com a casa, com os trabalhos de cada um, com as crianças, com os avós...) e voltei a fazer coisas que não fazia há anos. Voltei a sentir cheiros e a ouvir sons únicos e, passado um ano, só lamento duas coisas: as temperaturas baixas no inverno e a distância do "mais que tudo".

Uma viagem brutal a Itália, trabalhos vários, solidariedade, experiências na cozinha, muita família e amigos, muitos CVs enviados, algumas entrevistas, escolhas e finalmente um trabalho - na área e com uma remuneração justa. Situações, pessoas e conceitos novos. Costas deficientes não tarda muito. Corridas por prazer e bifes de vaca. Sonhos muita estranhos. 3 anos de blog, 3 anos de namoro (ah-ah-ah), baby I. prestes a completar 4 anos e o tempo a voar cada vez mais rápido. Copos de rosé, a merda da "crise" que não desgruda, o anúncio do regresso dos Silence 4 (para concertos), o fim da Avenida Brasil e The Newsroom cada vez melhor. O governo de ficção que temos. A primeira vez em TomarBragança e Dornes. O drama de ir às compras e a gestão tão ponderada de dinheiro que levou a indecisões de horas (às vezes dias). O 365 project, a volta da bicicleta e a viagem à Turquia que teve de ficar para depois. O regresso ao Portugal dos Pequenitos, as fugas até Lisboa e o Carnaval em Veneza. O meu maior investimento de sempre. As dúvidas, as apostas, as certezas. Sempre a melhor família, os melhores amigos e o melhor namorado, claro está. As aventuras, as conversas que mantive por simpatia, as vezes em que fiz figura de parva (calha a todos)...

Foi um ano totalmente imprevisível. Se me tivessem dado a escolher, há um ano atrás, teria continuado em Lisboa. Escolheria trabalhar na rádio pública, ficar na mesma casa com a Raquel e o Diogo, manter o namorado e ter tempo e dinheiro para viajar muito. Como estas coisas não se escolhem (pelo menos, por enquanto), optei pelo viável. Se teria sido melhor? Pior? Nunca saberei quanto ao que não foi. Quanto ao que foi, não teria escolhido tão bem.

Obrigada astros/destino/mundo/pessoas? Nunca sei bem a quem agradecer mas sinto sempre que o devo fazer. Quanto a ti 2014, estou à tua espera de braços bem abertos.

Comentários

  1. Também gosto de fazer estes balanços no final do ano. :)
    Fico satisfeita que te sintas bem com o que 2013 te deu. E é muito bom agradeceres. Há muita gente que sabe pedir, mas nunca agradece.
    beijinho

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  2. Pois então que 2014 seja ainda melhor! E ao ler o teu texto, cheira-me que 2014 será pra mim um ano assim, imprevisível, de decisões tramadas mas, estou como tu, venha ele! :)

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  3. Foi um ano muito positivo :) fizeste bem em arriscar, só assim conseguimos andar com a nossa vida para a frente ;) espero que 2014 seja muito melhor **

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  4. bom ano :) foi um ano cheio! com coisas boas e más mas ver o copo meio cheio é sempre torna tudo mais fácil :)
    ***

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  5. Adorei esse resumo. Parece ter sido um ano em cheio. Ainda bem que conseguiste ver as coisas por um prisma mais positivo e que tudo acabou por correr bem :) Um brinde a um 2014 feliz!

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  6. Respostas
    1. Pois. Bem-vinda à lista de pessoas que eu conheço da área de comunicação e que não consegue arranjar trabalho em Lisboa. Pelo que me dizem está mesmo muito dificil arranjar trabalho aqui, nessa área.

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    2. Não é só em Lisboa e as razões são inúmeras, é tema que dá pano para mangas :)

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  7. Gostei muito do teu balanço...por aqui também faço o meu...este ano foi um ano muito difícil de muitas provas...a ver vamos como será o próximo...Para ti ficam os votos de um 2014 à medida de todos os teus desejos!
    Bjs
    Maria

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  8. Só faltou um café comigo! Mas eu perdoo .. porque sei que andas bem e isso "enxe-me" :)

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