Madeira

   Vi esta piada no Facebook e não resisti:

Uma madeirense foi para a maternidade e teve 2 gémeos, um rapaz e uma rapariga. Em homenagem à sua terra, ela baptizou a menina de "Madeira" e o menino de "João Jardim". O Dr. Alberto João Jardim, ao saber da notícia, foi visitar a mãe e os bebés. Ao chegar, a Sra. estava a dar de mamar ao menino e o Sr. Jardim tenta agradecer pela linda ideia dos nomes... A Sra. interrompe-o e diz baixinho: "Chiiiiuuuu!!! Se a Madeira acorda, o João Jardim não mama mais".

    Enfim. Muito se fala na Madeira, que é local onde nunca estive, mas quase toda a gente que eu conheço já esteve. Toda a gente conta coisas, os que conheço que são de lá, os que conheço que lá foram, os que conheço quem conhece. Ouve-se de tudo. E graças às redes sociais também se lê de tudo.
   Não gosto de generalizar nestas coisas, que pode confundir-se com racismo, mas há anos que tenho a mesma sensação: aquela gente é estranha. Não sei se vão todos beber água a alguma fonte, não sei se há mandamentos internos e seguem uma seita desconhecida para continentais e açorianos, mas que se nota bem quando estamos diante de um madeirense, nota - e não é só pelo sotaque.
   São estranhos, têm maneiras de ver a vida muito estranhas e votam naquele imbecil há anos. São estranhos, continuo a dizer.
   Creio que alguns dos meus amigos Madeirenses concordam com o que estou a dizer e muitos identificam claramente os problemas que para ali há, desde que os conheço. Contudo, ainda não conheci ninguém que, em dado momento, transpirasse despreocupação monetária. Há sempre um momento em que a palavra de ordem é "esbanjar", fazer compras para inglês ver e para a vizinha do lado se roer (de inveja).
   É certo que nunca conheci as pessoas mais pobres, que essas não ganham duas bolsas para vir estudar para o continente. Consequentemente nunca conheci irmãos mais velhos dessas pessoas, pais, tios ou avós e também não as tenho como amigas no Facebook. Não posso, então, incluir as classes mais desfavorecidas na minha crítica, aquelas com menos estudos e posses.
   Sei que acho as pessoas com algumas posses um tanto ou quanto estranhas. É claro que sou eu a achar, não me faz tratar mal ninguém, mas faz-me assimilar secretamente alguns comportamentos a que assisto e faz-me viver na ânsia de encontrar um Madeirense que destrua a minha teoria e me impeça generalizar.
   Enfim, é fácil para os continentais detestar o Alberto João Jardim, por todo o circo que sempre fez, pela divida agora descoberta e pela vergonha que nos faz passar lá fora. Pior que uma dívida, só mesmo a reputação  (mesmo que os outros países nos vissem como os pobres, éramos os pobres que agora estavam a arregaçar as mangas e não os pobres que, para além de cada vez mais enterrados, ainda têm um palhaço a brincar com a situação).  O que realmente me choca é porque é que os Madeirenses não o odeiam. Porque é que não se juntam e o obrigam a fazer coisas humilhantes, enquanto assistem a rebolar a rir?
   Juro que não entendo como é que, sendo o principal alvo de chacota daquele homem (não há H mais pequeno? este é demasiado para aquele espécime), não lhe fazem frente, em vez de continuar a aplaudir. Têm de ser muito estranhos, não têm?

   E digo estranhos para não ofender nenhum animal.

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