A Gaiola Dourada
Não é preciso ser (ter sido) emigrante para nos identificarmos com a Gaiola Dourada: se formos portugueses, é quanto basta. O trabalho honesto, o valor da família e a felicidade num prato de bacalhau estão presentes durante todo o filme que, é preciso dizer e sublinhar, é uma surpresa muito boa.
Pensar em emigrantes é pensar em França. Estão lá muitos e, quando vêm, dão invariavelmente nas vistas. Têm um estilo específico e um modo de estar único. Falam sempre um francês misturado com português (mesmo que em francês só digam oui), ocupam várias mesas no café e fazem uma algazarra tal que às vezes se confunde com saloiice. Os mais novos, filhos nascidos já em França, apresentam-se de tal forma que sempre tive a dúvida se aquilo era a representação dos franceses ou se era só defeito de emigrante lá - não me mordam, mas a amostra com que tenho levado todos os Verões permitiu-me criar estereótipos e, ouvindo a música "nic nic avec moi", sei que não sou a única a caricaturar as Stéphanies e os irmãos de terço ao pescoço (como se fossem colares), manga à cava branca para brilhar na discoteca e discurso de engate barato.
Como se pode comprovar pelo retrato que fiz acima, não tenho grande relação com as pessoas emigradas em França. Não podia, por isso, imaginar a versão deles. Esperava vê-los como os observo em Agosto e, no entanto, saíram-me na rifa os restantes onze meses do ano. Falam misturado, sim senhor, mas os genes portugueses estão bem entranhados e a identificação é imediata. Há a humildade, a mania das aparências, o sacrifício, a coscuvilhice, os dilemas próprios de cada idade. Há conteúdo e é do bom. Está lá tudo o que nos faz amar este país, sem pretensões ou máscaras e vale mesmo a pena ver: pela história, pela parte real na história e pelo desempenho dos actores.
Podiam ser nossos primos, podíamos ser nós. Afinal, os çá vás não usam todos cavas. Ide ver.
Podiam ser nossos primos, podíamos ser nós. Afinal, os çá vás não usam todos cavas. Ide ver.
Tenho de ir ver... A família que tenho em França sai de todos os estereótipos mas... O Gafanhoto é um "avec" como eu lhes chamo e com quase toda a família a viver lá. 5 anos a conviver com imigrantes franceses é sempre qualquer coisa de estranho. Vou tentando entender os próprios estereótipos que fiz de observação dos muitos que em Agosto vinham cá de férias visitar a família.
ResponderEliminarFiquei curiosa agora :D
Vou ver sim! Aliás, tem 7,0 no imdb. Tenho a mesma ideia que tu dos emigrantes. É o que vejo também no Verão. E são eles próprios que passam essa imagem. Cavas brancas, calças de fato de treino com meia por cima, corrente de ouro ou terços, brinco...e nic nic avec moi.
ResponderEliminarQueria tanto ver esse filme :D está a fazer um enorme sucesso!
ResponderEliminarQuero ver sim. E eu até fui emigrante. E ainda lá tenho família. :)
ResponderEliminarPor acaso gostava de ver a reacção de um ex-emigrante a ver um filme, deve acabar com a lágrima no canto do olho ;) *
Eliminarquero tanto ver! ainda fiquei com mais vontade agora :)
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