Adeus avó São
Tenho pensado em muita coisa. Dito pouca. Ouvido e observado bastante. Obrigada por esta família avó. Pelo exemplo de esforço e trabalho, pelo brio que punhas em tudo o que fazias. Pensaste nos pormenores todos, espero que tenha sido tudo segundo a tua vontade e espero que nunca tenhas posto em causa a tua importância, que era tanta. Tenho lembrado alguns momentos da infância. O quanto me ralhaste por não ter descascado as batatas de forma exemplar. A saia vermelha das pregas que me compraste e que custou dez contos. As papas com o café pela manhã. Aquela blusa azul e branca que a avó teve desde sempre e os sapatos que eu às vezes experimentava. O cheiro a carapau (seria sardinha, ou chicharro? Nessa altura não distinguia mas fugia fosse qual fosse o peixe em tua casa). O terço ao fim da tarde "oh Maria concebida sem pecados" e os jogos de cartas. O cheiro a tabaco da sala que me lembrava o avô. Aquelas plantas. Tu a lavar a roupa à mão. O cheiro do corredor a caminho do pátio com o balde da lavadura. E aquele armário com cortinas onde guardavas as toalhas. Os tremoços e o bolo da praça, aos domingos. A morte do avô. A tua vinda para nossa casa. O teu humor sempre presente. As tuas reclamações gourmet. Eu que te enervava por passar a roupa muito devagar. Eu que te punha o creme. Tu que me deste a visita do casamento porque um dia não estarias cá para ver. Tinhas razão. Como quase sempre. Obrigada avó. Tenho muito orgulho em ti.
Os avós deixam tanto em nós... Eles vivem para sempre no nosso coração, com muitos momentos de saudade que se acalmam com as boas lembranças! Beijinhos
ResponderEliminarForça. Infelizmente, já passei pelo mesmo, quase de seguida fiquei órfã de avós. Ficam essas coisas, as recordações, os ensinamentos, o bom e o mau. A pessoa fica sempre em nós. Beijinho grande!
ResponderEliminarFicam sempre as melhores memórias. E a vida é feita delas. Relembra sempre!
ResponderEliminarOh, querida. :( Muita força. Restam agora as memórias. Ela permanecerá sempre nos vossos corações.
ResponderEliminarbeijinho grande
uii os jogos de cartas... e o mau perder que ela tinha??? que bem me lembro de umas férias que tive com ela nas termas de alcafache com a Ana o Paulo e o Nuno... acho que tu Joana ainda não tinhas nascido mas de resto as tuas memórias são as mesmas que as minhas porque a avó São foi sempre igual a ela mesma e revejo-me em cada palavra que escreveste
ResponderEliminarQue sortudas que fomos por termos vivido num tempo e num espaço em que os avós eram uma parte inquestionável da nossa vida e não os velhinhos que se visitam, por obrigação, ao fim de semana. Tenho saudades do meu, mas também tenho mil e uma recordações como as que descreveste aqui que vão ficar para sempre.
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