A viagem que o meu instagram não registou

Ou as coisas que me acontecem.

Passei a manhã daquele dia com o pressentimento de que nos estava para acontecer algo estúpido, que nos impediria de embarcar ou nos faria gastar dinheiro em algo que não estávamos a contar (bagagem com excesso de peso, erro nos nomes da reserva, cartões do cidadão fora da validade, por aí...). Talvez esse pressentimento se devesse ao facto de estar a trabalhar e só ter duas hora para passar no banco, fazer a mala, almoçar, fazer o check-in de regresso, imprimir tudo e arrancar para o aeroporto. Talvez se devesse ao facto de não ter sido eu a tratar da viagem e não ter qualquer conhecimento sobre os detalhes da mesma. Não sei, sei que quando eles chegaram estava a imprimir os boarding passes, tinha tudo tratado, acabara de publicar o post anterior e a sensação de nos faltar qualquer coisa tinha, finalmente, acalmado. Ainda assim, resolvi partilhar o meu pressentimento enquanto pegava nas folhas recém impressas com a mesma mão em que tinha um saco, óculos de sol e telemóvel.
Quem já foi comigo ao sushi sabe como consigo ser desastrosa com as mãos. Quem trabalha comigo pensa duas vezes antes de me pedir para agarrar no que quer que seja porque a probabilidade de ir tudo parar ao meio do chão é elevada. Quem conhece o meu telemóvel não se lembra das cores originais da capa, destruída lentamente a cada queda. E eu, que me conheço tão bem, continuo a arriscar. Mil coisas nas mãos? I can handle it (literalmente), of course...
... or maybe not. O chão parecia destino certo para o meu querido e escorregadio telemóvel quando, na sua trajetória, aparece um engraçado cinzeiro, alto e cheio de água. Fiquei branca. Tirei o telemóvel lá de dentro o mais rápido que consegui, fui buscar o secador, meti o Tiago a tratar do assunto, escrevi um bilhete aos meus pais a explicar o sucedido, deixei o número do Tiago (que assustia a tudo isto enquanto me perguntava se eu tinha uma chave estrela), fui à agenda copiar o número dos meus pais e do mais-que-tudo, peguei num tupperware com arroz, enfiei o telefone desmontado lá dentro, guardei o cartão SIM na carteira e arrancámos para Lisboa.
Acabei por levar um Nokia antigo para me manter contactável, deixei o tupperware no carro e resolvi pensar pouco no assunto durante a viagem (até estava aliviada por não ter de passar a viagem a confirmar se tinha o telefone comigo, já que a probabilidade de perder ou destruir itens é enorme, como podem comprovar com esta história). Quando voltei entreguei o telefone ao meu pai que confirmou a inexistência de resíduos de água e cá estou eu a escrever este post.
É a isto que se chama sorte, certo? Vou deixar de lamentar os euros perdidos em raspadinhas. E continuar a comprar arroz Cigala, obviamente.

Comentários

  1. Com umas mãozinhas assim, ainda bem que não és neurocirurgiã. ;)

    ResponderEliminar
  2. "Quem já foi comigo ao sushi sabe como consigo ser desastrosa com as mãos."

    Isso eu pagava para ver...looool :P

    ResponderEliminar
  3. Já se faziam excelentes viagens sem a existência do Instagram... :) mas realmente tiveste muita sorte! haha. Beijinho!

    ResponderEliminar
  4. Arroz cru? Isso é algum truque para secar os resíduos de água que ficam no telemóvel? É isso? Não fazia ideia. Mas é sempre bom saber.
    beijinho

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, o arroz absorve a humidade! Nunca viste bagos de arroz nos saleiros, por exemplo? É essa a razão :)

      Eliminar
    2. Estamos sempre a aprender. :) Obrigada pela dica.

      Eliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Porta-Tazos #1 - Viva a nossa camionete!

Do Martim Moniz ao Castelo