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Antes contava os dias para os fins-de-semana, as horas para abraçar quem gosto, os dias para novas viagens. Agora conto os dias para deixar de tomar o medicamento X, para começar o Y, para passar a dividir o W. Conto os dias para novas análises, novas consultas e para uma resposta que nunca mais chega. Conto as horas para ir para casa vegetar porque a única energia que me resta tem de servir para trabalhar. E de repente, no meio de tanta conta, não há nada que valha a pena contar. Cada vez mais cansada e menos motivada, a vontade de me levantar de manhã desaparece. Porque não há nada que possa fazer quando os dias tropeçam uns nos outros, o despertador toca, as contagens continuam e só saímos de casa porque temos obrigatoriamente de trabalhar (ao menos aí ainda se conta o tempo para ver acontecer outras coisas que não arrastar-me entre medicamentos e má disposição).
 
Antes sonhava com a hora das refeições, deliciava-me a imaginar o que teria à minha espera, fazia pedidos e chateava a minha mãe a quem vou construir um altar assim que tiver forças. Agora? Rezo para que a sopa me caia bem e dou-me por contente. Às vezes ainda preparo lanches de chorar por mais - com queijo, figo, pão escuro, entre outras iguarias - mas duas trincadelas depois desisto. Nunca estraguei tanta comida como nas últimas semanas, o que só aumenta o meu estado de tristeza.

Dormir também era mentira - a médica ficou incrédula quando lhe disse (na verdade balbuciei) que não dormia há três semanas - mas veio finalmente mais um medicamento que me permite não só dormir à noite como passar um verdadeiro tormento durante o dia para me manter acordada. A sério, se eu disser que até aos 23 anos nunca tinha sido operada, nunca tinha partido nada e nunca tive sequer as doenças de putos tipo varicela, fica difícil de acreditar, ? Mas enfim, o que não veio até aqui vem agora em grande, portanto se não ouvirem falar mais de mim fui dizer um oi à minha avó (tenho-me lembrado tanto das vezes em que não querias comer avó, juro que agora te entendo como ninguém).

Bem, é sexta-feira e eu amanhã vou dormir mil horas pela primeira vez em semanas, sem qualquer compromisso laboral ou de outro foro qualquer, o que me dá fé que a coisa é capaz de melhorar e que em breve me vou esquecer que andei a trabalhar três semanas sem dormir, uma com febre e vários dias a ver luzinhas.

(Ah e um enorme obrigada a todos que eu sou uma blogger de merda nisto de agradecer apesar de ler e de me sentir tocada - com todos estes acontecimentos até dou por mim a verter lágrimas. Vós sois lindos).

Comentários

  1. Continuo sem saber o que tens, mas espero que melhores ;)

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  2. Oh mulher, animo! Deves estar fartinha que te digam para animar para pensares positivo mas há alturas em que não há mais nada a fazer se não acreditar! Quando as coisas acontecem têm sempre um propósito, ainda que agora não consigas ver mais nada a não ser sofrimento, depois da tempestade vem a bonança (sempre!!) o problema é nem todas as tempestades terem a mesma duração e deixarem os mesmo estragos. Vai passar, vai passar bem e o "oi" para a avó vai ficar para quando tu também já tiveres sido avó de alguém! Até lá sorri, lê, descansa, distrai-te, fotografa... Força! Estou a torcer por ti :)
    P.S. Apesar de nunca nos termos "conhecido" sempre gostei da tua pinta, portanto, força nisso para continuares por cá muito tempo a dares continuidade ao teu agatxigibabismos, a viajares, a saíres e a sorrires!

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  3. Acho que perdi qualquer coisa... estás doente? Pergunta meia parva porque a julgar por este texto estás... As melhoras. Beijinho

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  4. O que quer que se passe por aí, rápidas melhoras. Bj

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