Crónica pré-primeiro dia

[Dói-me o dedo.]

Algures entre a contagem regressiva em português do Brasil, os brindes, os acenos à janela do apartamento do Jerome e os M&Ms, pedi as coisas boas do costume e equilíbrio na convivência com o Lúpus, o meu grande desafio para 2015.

Depois de atingir esse equilíbrio onde seria possível sentir-me bem, ter energia para ser o que sempre fui, aceitar tranquilamente as alterações que esta realidade trouxe para a minha vida - figas para que as alterações sejam sempre na medida em que as possa compreender - e viver sem deixar para trás os meus objectivos, viriam os planos.

Acima de qualquer coisa, queria poder estar presente de corpo e alma nos meus projectos, com as minhas pessoas. Não queria parar de crescer. Não queria sentir que a partir do Lúpus ia ser sempre a perder, a abdicar, a estorvar... sei lá!

O Lúpus mexe com tudo. Está pelo corpo todo. Tem efeitos que não podemos prever. Alguns terríveis, irreversíveis, sei disso - e é exactamente por isso que peço equilíbrio em primeiro, porque só depois de me sentir bem e capaz posso avançar para outras vontades.

Este equilíbrio é difícil de atingir e, pior, é efémero, instável e enganador. Contudo, é possível. Acreditei nele devagarinho e fiz a minha lista de objectivos, a concretizar depois de atingir o desejo Nº1. O main goal deste ano? Voltar a estudar.

Não avancei para mestrado assim que terminei a licenciatura porque, antes disso, queria ter uma experiência maior  no mercado de trabalho, perceber exactamente com que áreas da comunicação me identificava mais e onde teria maior possibilidade de evoluir. Depois, queria identificar as ferramentas que me permitiriam atingir os objectivos traçados e encontrar o melhor sítio para as ir buscar.

No ano passado achava que 2015 era o ano: já sabia o que queria, já tinha alguma experiência de trabalho e tinha tempo para poupar. No entanto, adoeci. Perdi a força para quase tudo e as prioridades mudaram. Depois de viver e analisar todos os altos e baixos do meu Lúpus, encontrei a o tão almejado equilíbrio. A partir daí, redefini a estratégia e recomecei a riscar itens da to do list.

Nove meses depois daquela passagem de ano em Paris, dá-se finalmente o parto do item mais importante da lista deste ano: o início as aulas. Caraças, passou tão rápido.

Créditos para a melhor mãe do mundo que me fez tudo em casa permitindo que me concentrasse apenas no trabalho, nos meus projectos e nas minhas pessoas, sentindo-me feliz e realizada. Créditos para a homeopatia (mais uma vez, para a minha mãe que, desesperada, me levou ao médico). Créditos para a Terra, que é um lugar incrível e inspirador. Créditos para todas as pessoas maravilhosas que conheço.

E agora até amanhã, que vou a correr apanhar o expresso e assistir à primeira aula da pós-graduação. Torçam para que os meus coleguinhas sejam fixes e para que eu não colapse entre tantas viagens para cima e para baixo, matéria para absorver, criatividade para expelir, trabalho para cumprir e vida para viver.

Comentários

  1. Fazes o teu sorriso nº 47 e os teus colegas passam a adorar-te ;)

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  2. Vai soar cliché o meu comentário.
    Mas mesmo longe, mesmo passando a imagem de "distante", tenho muito orgulho em ti. És enorme. Duvida de muita coisa, mas não duvides do que és.

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