The Christmas Spirit #1

   Invadiu-me como há muitos anos não o sentia e, no entanto, estamos em crise, não tenho budget para presentear quem quero e 2013 vai ser uma tragédia - ah, espera, qual quê, o mundo acaba antes do virar do ano. Aliás, sendo assim não há Natal, certo? Quer dizer, entusiasmei-me com a devida antecedência, cruzei ao pormenor vontades com necessidades, fiz compras made in Portugal, aprendi a fazer rabanadas e, atenção, decorei a letra da nova música Popota, para se lembrarem de acabar com tudo? Podiam ter mais consideração, quem faz anos 2011 vezes pode fazer 2012. É que era só dar um jeitinho, mas não, mandam a malta ir gastar uns trocos em vão, para depois se rirem quando chegarmos ao purgatório e estivermos na fila cheios de fome porque não temos moedas no bolso suficientes para comprar um chocolate na máquina de snacks. A ver se nos entendemos: eu não me sacio com maçãs e muito menos com carne de cobra. Ao menos deixavam-nos encher o bandulho na consoada. Quer dizer, morro sem comer Ferrero Rochers este ano, querem ver? Saíram-me cá uns amigos, vocês... de Santos não têm nada. E a árvore de Natal, senhores? Têm noção da quantidade de resina que tinha nas mãos depois da tentativa de hoje à tarde, de amontoar ramos de pinheiro em forma de cone? E a pena que eu tive de ter de vir para Lisboa sem a terminar? Para quê? Digam-me! Para não haver Natal? Então e as pessoas que só tomam banho por esta altura? Vão para o céu a feder? Aviso já que não partilho quartos com gente assim! E já agora Deus, permite-me que te diga que não foste nada esperto: antes de acabares com o planeta esperavas pela Missa do Galo, sempre lucravas mais qualquer coisa. Enfim, dia 21 lá estaremos - há horas marcadas? Avisem-me desses pormenores para fazer a mala. E meninas, escusam de levar saltos altos, que isso fura as nuvens e ainda cá vêm parar outra vez - e olhem que aí só vão sobrar seres procariontes na Terra, para vos fazer companhia. Eu a vocês levava ténis. Sapatilhas pá!