Vira o disco, toca o mesmo

   Há dias em que não tenho paciência nenhuma para anúncios de emprego: tens de saber três línguas, conhecer software que antes de quererem obrigar-te a ter quinhentas funções por quinhentos euros não precisavas de dominar, ter não sei quantos anos de experiência, escrever uma cartinha, um textozinho, imaginar um anúncio, imaginar um evento, dar-lhes ideias gratuitamente e rezar para que, pelo menos, abram a porcaria do e-mail e vejam tudo o que exigiram que fizesses. Tudo legítimo da parte deles mas há dias em que não estou mesmo para aí virada. Não dá. Abro mil separadores e fecho-os de seguida. Não tenho vontade nem sei que mais palavras inventar. Que mais alterar, que mais fazer de forma diferente.
   Claro que há dias em que faço tudo o que pedem nos anúncios. Digitalizo comprovativos de experiência e formação. Estou uma hora para escrever três parágrafos, com medo que qualquer palavra possa ser interpretada de outra forma. E tudo e tudo, tim tim por tim tim. E sabem que mais? Esses dias acabam da mesma maneira do que os dias em que deixo para depois a procura de trabalho.

Comentários

  1. Revi-me nas tuas palavras. Poderia ter sido eu a escrevê-las.

    Tens razão, os meus lanches têm sido fraquinhos. Tenho de os reforçar.
    Bom fim de semana*

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  2. Frustrante é eufemismo...

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